Ansiedade e o meu medo de avião
Em viagens de avião gosto de me sentar à janela. Tá bom, vou reformular a frase, desta vez sendo sincera: EU ODEIO AVIÃO. Sento-me à janela para amenizar meu sofrimento… ou não.
Fato é que aviões me dão pânico. Como pode um negócio daquele, tão grande, tão pesado, que nem pena tem, parar no ar com tanta destreza. Tudo nele me dá medo. Já vou para o embarque observando a movimentação do lado de fora da aeronave… Será que checaram o pneu… abasteceram, …fizeram a manutenção, …conferiram o peso? Se na asa consigo ver umas gotinhas de água pingando no chão por que deixam aquilo pingar gente? Haja sofrimento!!!
Daqui duas semanas tenho voo marcado. Isso significa: duas semanas dormindo mal, comendo mal, com dores de barriga…. Já chego ao aeroporto tensa, e sempre peço para sentar à janela. Superstição? Não! Talvez um pouco de TOC. Dali tenho um pouquinho de sensação de controle (Oi? Controle?)… Sim, dali consigo vigiar se a turbina soltou algum parafuso, se pegou fogo, explodiu, se tem passarinho ou outro avião na rota, enfim…. Só nunca parei para pensar em como vou avisar ao piloto se algo deste tipo acontecer.Entro na aeronave sempre com o pé direito (mais um pouquinho do meu TOC). Olho sempre nos pilotos alegres, cumprimentando a todos e a primeira coisa que me vem à cabeça é “será que eles estão descansados?” Exagero? Não, meu bem! Sou assim mesmo… Então, se você estiver em um mesmo voo que eu, saiba que estarei alerta a tudo. A qualquer barulhinho estranho, qualquer fumacinha. Não consigo sequer comer ou me concentrar em nenhuma revista ou texto. Só vigiar a janela, os sons da aeronave e a rezar para Nossa Senhora de Loreto (a padroeira dos aviadores) para que cheguemos todos sãos e salvos.
Coisa que odeio é chegar adiantada no aeroporto e ter voo disponível que me permita antecipar a viagem. Ah! Meu Jesus Cristinho!!!! Pensem comigo, ou pelo menos tentem compreender minha lógica. Se adianto o voo, só penso na possibilidade de ser manchete de sites de notícias dizendo, “Acidente aéreo: passageira antecipa o voo e morre”. Tá bom, sendo assim não vou antecipar, e aí é a hora que o bicho pega… dessa vez estou no Jornal Nacional falando: “graças à Deus antecipei o voo porque o que eu iria caiu”. Enfim, está feita à desgraça na minha cabeça.
Semana passada cheguei dentro do avião e a minha janela observatório era justamente aquela que fica junto à saída de emergência. Logo após aqueles procedimentos de terror, onde são demonstradas máscaras de oxigênio caindo sobre as nossas cabeças, a comissária perguntou-me sorrindo e gentil se estava apta a operar a saída de emergência. Euzinha??? Nunquinha da silva minha filha, nem pensar. Em qualquer emergência vou desmaiar, atrancar a porta e condenar à morte todos os outros junto comigo. Para o bem de todos, ela então gentil e rapidamente me trocou de lugar, sempre sorridente. Agora me digam, como pode alguém no meio da turbulência ficar sorrindo? Que tarja preta ela toma? Também não confio no sorriso dela, o avião deve cair com ela sorrindo.
Quando, enfim, o avião pousa e para (é muito importante para mim que ele pare, não basta encostar as rodinhas no chão, tem que parar… e nem preciso lhes dizer o motivo) eu desembarco branca como uma folha de papel, o corpo doendo como se tivesse levado uma surra de tão tensa, mas agradecida aos céus por ter chegado viva à terra. Agora é trabalhar né… já pensando que ao final do dia terei de enfrentar esta mesma odisseia no retorno para casa… haja rivotril na causa!
Aceito sugestões de terapia e não custa frisar: esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou acontecimentos da vida real terá sido mera coincidência, mas se lá no fundinho você se identificou, considere procurar ajuda especializada.
Abçs, Larissa
4 Comentários