Dr. Google
Atire a primeira pedra quem nunca jogou no Google os sintomas de um desconforto que estava sentindo. De uma simples tosse a uma acordada sem motivo no meio da noite… lá estamos nós, consultando tudo no “quase infalível” Dr. Google. Sim! Nós jogamos tudo no Google.
Para tristeza, para não dizer desespero, de todos os médicos, fisioterapeutas, psicólogos, dentistas, fonoaudiólogos, terapeutas… , adentramos consultórios, com todos os sintomas e uma lista gigante de possíveis diagnósticos. Topos decorados na ponta da língua. Tudo de-ta-lha-di-nho. E para piorar, chegamos ao cúmulo de muitas vezes sugerirmos os medicamentos mais apropriados ao nosso tratamento. O Dr. Google nos deu um diploma em 15 minutos. Sentimo-nos capazes de diagnosticar e medicar a nós mesmos e, no ápice do absurdo, até aos outros com receitas e dosagens precisas.
Se você não é assim, parabéns! Passou no teste da tranquilidade, calmaria e sensatez. Agora se é um ansioso de plantão, como eu, já teve algum dia convicção plena e absoluta de que aquela manchinha, minúscula, surgida em seu braço era, na verdade, um câncer de pele, ou que uma simples dor de cabeça era, de fato, um terrível e fatal AVC. Faça um teste, jogue qualquer, qualquer mesmo, sintoma físico no Google, ou até o resultado de um exame de sangue, e me confirme se depois de dois ou três “cliques” você não estará condenado a um fim de vida trágico e rápido. Brincadeira, se você for sensato, por favor, nunca faça isto. NUNCA!
Claro que, como tudo na vida tem um lado bom, o excesso de zelo com a saúde e as muitas informações disponíveis podem sim nos levar a procurar ajuda especializada com mais rapidez e, em casos específicos, fazer diagnósticos precoces importantes. O grande problema ocorre com aqueles que sofrem com transtornos de ansiedade. Esses sim conseguem achar que estão sentindo todos os sintomas das contraindicações descritas na bula de um medicamento, até mesmo aqueles que acometem uma em um milhão de pessoas, ou aqueles que acontecem em interações medicamentosas com substâncias das quais você nunca misturou. Hoje eu me policio a não pesquisar sintomas, seja na internet seja em bulas. Nem mesmo aqueles que estou sentindo, nem os que ainda não senti ou que posso vir a sentir um dia. Confesso… não posso! Nunquinha da silva…
Com o passar dos anos aprendi a viver melhor. Se você prestar atenção, até um simples xarope para dor de garganta tem na bula alguma contraindicação que pode levar a graves consequências. E então, na minha casa, todas vão para o fundo da gaveta antes mesmo de se tomar o remédio, mas guardo a caixa, pois sou neurótica para não tomar remédio vencido.
Confesso, com certo aperto no coração, que ainda não consegui me livrar completamente das bulas e jogá-las no lixo…
Mas aperto no coração pode ser infarto… O vizinho, do tio, do irmão do meu colega de trabalho teve um infarto e agora meu braço esquerdo começou a formigar… Outro drama que ainda vou contar para vocês.
A propósito, esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou acontecimentos da vida real terá sido mera coincidência, mas se lá no fundinho você se identificou, considere procurar ajuda especializada.
Grande abraço,
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